Só baixo a cabeça para beijar o simbolo

09-01-2025

No túnel de acesso à bancada Norte, em plena casa dos boavisteiros, Filipe Miranda, candidato à presidência da direção, tal como a respetiva equipa, apresentaram a candidatura às próximas eleições do emblema portuense, num auditório improvisado e lotado por sócios, adeptos e simpatizantes. Num dos pontos abordados, destaque claro para um acordo com um fundo de investimento capaz da "libertação de penhoras".

O antigo guardião e diretor da seccção de futsal começou por agradecer o apoio de todos, frisou acreditar ser possível "virar a página" relativamente à maré negativa, fez referência ao lema da campanha, "Boavista, num xadrez de novas conquistas", e lembrou um episódio recente que envolveu Vítor Murta: "Da direção do Boavista, na pessoa do senhor presidente, numa reunião realizada ontem [sexta-feira], numa clara tentativa de dissuasão, percebi que muito deste projeto é indesejável. Mas estão enganados, saí mais convicto que nunca!", expressou. 

Recordou, ainda, que os últimos anos são de "vergonha", em contraste aos anteriores, "de orgulho e vaidade", apelando à "paixão e resiliência de todos" para dar um volte-face. "Durante estes 20 anos andei sempre de cabeça erguida. A única vez que baixei a cabeça foi para beijar o símbolo que carregava ao peito", finalizou, num discurso que contou com alguma emoção.

Após o evento, o gestor, em declarações aos jornalistas, deu conta das sensações para o ato eleitoral que se avizinha: "Nós já temos parceiros e sponspors firmados. Porque não nos iríamos arriscar numa candidatura, se não tivéssemos os pés assentes na terra? Os parceiros que estão fechados, dão total garantia para aquilo que foi apresentado. Não iríamos fazer algo só para ficar bonito. Lógico que neste momento temos de nos preocupar com o clube. A SAD é mais para a frente".

No que concerne às missões que pretendem relançar e honrar o legado axadrezado, coube a Pedro Cortez, candidato a CEO e vice-presidente, abordar os pontos que visam o "aumento da produtividade, inovação, competividade, redução de custos, melhor desempenho de qualidade e o fortalecimento da marca Boavista", com destaque especial para o fundo de investimento.

"Temos um acordo que nos vai permitir a libertação de penhoras. Desta forma, vai permitir que possamos gerir o nosso dinheiro, coisa que o Boavista não consegue. Fazer um autocontrolo financeiro, mediante uma equipa escolhida para a área da contabilidade. E vamos apostar em energias renováveis, com fundos europeus, porque temos uns belíssimos painéis no estádio para reduzir a nossa despesa da luz de cerca de 60 mil euros para nove mil euros por mês. Isto é receita", detalhou Pedro Cortez, acrescentando que procuram organizar eventos no Bessa, naquela quer seria a maior sala de espetáculos coberta "do Porto, Lisboa e Madrid". "Isto é a nossa autossustentabilidade para podermos almejar aquilo que queremos. E uma das coisas que pretendemos é que a SAD e o clube tornam a ser um só", declarou.

No entanto, existem outras nuances que preocupam este grupo de boavisteiros. É o caso do futebol feminino, da formação e das modalidades amadoras. Nessa ótica, há um olhar redobrado para as infraestruturas do clube, estando, em perspetiva, a criação de um sintético, paralelo ao relvado natural do campos de treinos, capaz de albergar, num sistema de rotatividade com o futebol sénior, o "regressar ao Bessa" das camadas jovens.

Fora isso, no horizonte olha-se com bons olhos para a construção de um pavilhão, naquele que seria "um espaço digno", no qual as modalidades poderiam "treinar em condições que não coloquem em causa o percurso académico".

Pedro Cortez, no momento de fechar, lançou uma pergunta a todos os presentes: "Chegou a hora de decidir se queremos uma política de autogestão e continuidade da sobrevivência, se vão querer uma ligação a um longínquo passado, ou se vamos ter uma rotura com este passado, este presente, e potenciar o nosso Boavista para uma componente de transparência, credibilidade, competitividade e novamente de reconhecimento social", finalizou.

Já Álvaro Braga Júnior, candidato à presidência da mesa da AG, que até abriu a cerimónia, levantou algumas preocupações, sendo, uma delas, o relatório de contas.